quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CinURSOteca: Gran Torino


E porque há sempre aqueles filmes que não dá para esperar que cheguem às salas portuguesas, tamanha é a ânsia, recorre-se a meios menos próprios para os enxergar, mas antes uma 'rebeldia' que uma morte por ansiedade, não?

Assim como muitos filmes do final do ano passado e do inicio deste, Gran Torino apareceu rotulado como uma Obra com 'O' grande, e com o selo de qualidade do Mestre (vénia) Clint Eastwood, que não só é o protagonista, assim como o maestro da banda sonora (onde também empresta a voz ao tema principal, acompanhado por Jammie Cullum) e realizador. Diz-se que os grandes homens se destacam pela versatilidade. Seguindo essa premissa, Mr. Eastwood deve ser um poço de testosterona.

Gran Torino é um daquele filmes que, no fim, nos apetece abraça-lo, embrulha-lo e guarda-lo para sempre no bolso. E a personagem de Eastwood tem um carisma e garra que, não fosse a qualidade da concorrência para os senhores dourados de Hollywood (que mais uma vez, deixam um pouco a desejar..), deveria figurar no lote de candidatos.

O filme conta a história de um veterano da guerra da Coreia (Eastwood), que após a morte da sua esposa, se encontra sozinho, acompanhado apenas de um belo exemplar da raça canina, um Labrador. Um homem ressentido e austero, que transporta consigo pequenas mazelas criadas pela guerra. Um patriota que vê com maus olhos a inserção de emigrantes no seu país, principalmente, na sua vizinhança. Porém, como seus vizinhos tem uma família nipónica, com hábitos bastante tradicionais. E a partir daí é ver a evolução da personagem, desde o desprezar completo, até à sua quase inserção na família, que começa a ganhar contornos quando este salva o elemento mais novo da parte rebelde da família, um grupo de gangster, que pretendiam inseri-lo no seu seio. O resto do filme é uma bela história de salvação e atribuição de valores de Eastwood para o jovem adolescente, criando laços bastante firmes de verdadeira amizade, separando as águas que unem a diferença racial da diferença pessoal.

Um pouco ao estilo de América Proibida, onde se percorre o caminho que vai do racismo exacerbado para a salvação da raça, Gran Torino oferece-nos uma das mais belas narrativas dos últimos tempos, onde a violência aparece em segundo plano.

O único problema é que não fala mais abertamente sobre a Guerra, nem tem como personagem um doente mental, nem é um filme sobre a máfia, muito menos é realizado por Stephen Daldry (que consegue o record de ser nomeado para melhor realizar nos três filmes que fez... não sei se não cheira a caldinho... e não é bem dos knorr...). Mesmo assim, Gran Torino consegue, implicitamente, incluir os três primeiros factores. Guerra da Coreia; Feridas Psicológicas; Gangsters. Mas não chega para os senhores de Hollywood. Até porque é preciso "tê-los" bem no lugar para deixar de fora Christopher Nolan (Dark Knight), Eastwood (tanto Gran Torino como Changeling) e Darren Aronofsky (pelo majestoso The Wrestler).

Agora, só estou curioso em saber qual o nome que este filme terá em português... Se Slummdog Millionaire deu para Quem Quer Ser Bilionário, este deve dar para O Meu Ford Grand Torino de 72 'Tá Aqui Que É Uma Beleza. Que raio de brainstorm devem fazer nas empresas responsáveis pelos títulos..

O Trailer



A Bela da Musica (cujo único pecado é não constar na lista de candidatas ao Oscar, vá-se lá saber porquê, principalmente quando o número de vagas de concorrentes está incompleto):


Engines humm
And bitter dreams
Grow
A heart locked
In a Gran Torino
It beats
A lonely rhythm
All night long

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